Mário Augusto da Silva (1901-1977), como homem de Ciência, viu a sua carreira de docente e de investigador ser-lhe negada muito cedo. Preso e expulso da Universidade (1947), foi uma referência para várias gerações coimbrãs, na luta pelos ideais da democracia e na resistência contra o regime do Estado Novo. Esquecido pelos da sua geração, ignorado pelas gerações mais jovens, a sua vida é uma referência cultural ímpar e um exemplo, pela defesa dos valores da liberdade, da democracia, mas, sobretudo, pelo conhecimento, pela Ciência, pura e aplicada... Impedido de prosseguir no Instituto do Rádio de Paris (1925-1930), onde foi assistente de Madame Curie, após o seu doutoramento em 1929, regressou a Coimbra, onde, apesar de tudo; vítima de uma perseguição mesquinha e inexplicável que impediu a realização de obras que teriam mudado, desde logo, o rumo da investigação e do ensino e da Física em Portugal; fundou o Museu Nacional da Ciência e da Técnica (MNCT), iniciativa que, não sendo inédita na nossa História, foi a primeira do género no Portugal do Século XX.
Museu Nacional que entrou em agonia em 1977, após a morte do seu fundador.
Museu Nacional que foi abandonado por todos. O Estado Português e, principalmente, Coimbra, a sua Câmara e a sua Universidade, viraram-lhe sempre as costas.
Museu Nacional que, para o diminuirem e fecharem posteriormente, em 2002, lhe chamaram, desrespeitosamente, de Doutor Mário Silva. Até se esqueceram, ou talvez não, que Mário Silva foi Professor Catedrático de Física.
Museu Nacional que, em forma de homenagem, precisamente em 2005, no ANO INTERNACIONAL DA FÍSICA, foi enterrado por Decreto-Lei.
Museu Nacional da Ciência e da Técnica (MNCT) ou Museu da Vergonha Nacional?
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