Razao

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28/02/08

Amanhãs que Podem Chorar...

Imagem virtual da nova Xangai onde os edifícios mais altos do mundo se atropelam. O do centro, o "World Financial Center", cuja data de conclusão está marcada para este ano, será o mais alto do mundo, destronando um seu vizinho. O buraco circular, que será rectangular por motivos técnicos, destina-se a diminuir a resistência ao vento.

A propósito da crónica de Paulo Varela Gomes, no Público (P2), de 27/2, Joana Lopes esceveu o post amanhãs que cantam. Resumindo, a crónica gira em torno de uma Europa civilizada, velha e rabugenta, onde nada acontece de significativo para o nosso futuro colectivo, em contraste profundo com a Ásia. Ali, dizia Paulo Varela Gomes, "quase não se ouvem as lamentações sobre o mal-estar presente. São abafadas pelo ensurdecedor barulho dos amanhãs que cantam, choram e gemem". Achando o post super-interessante, comentei-o sem rodeios, isto é, sem as imagens lindas da excelente crónica de Paulo Varela Gomes. Acho que me saiu tipo Nostradamus:

Eu penso que a nossa Civilização Ocidental, e o seu domínio no mundo, tem os dias contados. Hoje, o poderio do Ocidente baseia-se somente na tecnologia militar de ponta que domina. Economicamente, os centros de decisão estão de malas feitas para a Ásia. O crescimento exponencial, a todos os níveis, das grandes metrópoles do Oriente, como Xangai ou Singapura, mostram claramente essa deslocalização. Não tenho qualquer dúvida que uma nova Civilização nascerá na China nas próximas décadas, sepultando literalmente a Ocidental. A História é isso que nos ensina. No contexto da História, a actual Europa faz-me lembrar a antiga Cartago. Agora, oxalá que a própria História sobreviva ao futuro que se avizinha.

Ao que Ana Cristina Leonardo retorquiu dizendo: sobre previsões, pessimistas, optimistas ou assim assim, "consolo-me" sempre com Bergson: «O tempo é invenção ou não é nada». E, claro está, eu enfiei a carapuça. Como também gosto de filosofia, não deixei a amiga Ana sem resposta:

Ah, cara Ana, tanta gente se "consola" com Bergson. Com o seu ataque ao materialismo mecanicista, via vitalismo, na boa tradição de Schopenhauer, permitiu-nos acalentar a esperança nas nossas iniciativas e nos nossos esforços na roda da vida humana. Ele diz-me que eu também posso escrever a minha parte no drama sem fim da criação, mesmo que o tempo não exista.

É mesmo. Há cientistas que o defendem. A nossa existência pode ser somente uma sucessão de imagens que juntas fazem o filme das nossas vidas. Aqui está um bom tema para um "post" futuro.

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