A GEIA
A Geia é um lugar na aldeia do meu pai, Vide. Há várias referências a Geia na região. Tanto assim é que, na bonita aldeia de Aldeia das Dez, surgiu um hotel rural, chamado
Quinta da Geia. Para quem não conhece esta bela região serrana, encravada entre a Estrela e o Açor, dir-lhe-ei que é das regiões mais bonitas de Portugal e, por isso, merece bem uma visita. Além disso, com a nova estrada que passa na Geia, a Torre está mesmo ali à mão.
Aldeia de Vide e a ribeira de Âlvoco. Ao fundo o recorte do monte que conduz à Geia, cujas as casas se podem ver na foto da direita, por detrás do sobreiro.
A Vide é uma caixa de surpresas. Quando se levanta a sua tampa, saem testemunhos de um valioso património do seu passado.
Dei já a conhecer alguns testemunhos (noutras paragens), dos muitos que ainda faltam, pré-históricos (arte rupestre do neolítico), geológicos (fractura tectónica que desviou a ribeira do Senhor do Calvário, para o seu leito actual) geológicos primitivos (afloramento das rochas de xisto, com a idade de 500 milhões de anos, conhecidas por fragas, e as primeiras na formação da Terra, no período geológico do Câmbrico), antropológicos (o triângulo humano céltico-Baiol, Vide), históricos (a presença do Rei D. Dinis), religiosos (arte sacra do Barroco e Igreja Santa Maria), isto é, a Vide e a sua Freguesia, com este memorial do passado, é a maior de todas dentro do seu concelho.
Mas tive a maior surpresa quando, ao rebuscar mais testemunhos, deparei com a deusa pagã, Geia, referida na Mitologia Grega. Quem teria baptizado o local, com o nome desta deusa? Na fotografia acima, Geia lá está bem à vista. Aquele lugar serviu no passado para a passagem dos rebanhos da transumância e para quem pretendia tomar a camioneta na Portela do Arão.
Quem foi Geia? Na mitologia grega, Geia (Gaia ou Gê) é a Terra, mãe universal de todos os seres. No princípio dos tempos só havia o Caos. Das entranhas do Caos, quando a terra no início era uma massa densa de poeiras e gases, nasceu Geia. Desposou Urano e foi a mãe de todos os gigantes e deuses pagãos, referidos nas mitologias, grega, romana, egípcia e orientais. É considerada também a mãe do bem e do mal. Foi a grande divindade dos gregos primitivos.
Geia originou também a divindade Destino, que delegou nas suas três Parcas, a missão de executar as suas ordens. Ordens cegas sobre a vida de todos os seres humanos, impedindo-lhes, ontem como hoje, a sua liberdade de escolha, na sua conduta humana.
A propósito, a Bíblia Sagrada, como todas as religiões actuais, incluindo a católica, herdaram, crença, fé e rituais destas mitologias pagãs, como o Inferno (deus Hados), o Céu (deus Urano), o Paraíso (Campos Elísios), o monoteísmo egípcio (deus Áton), procissões (nas festividades da deusa Atena), o Dilúvio (Prometeu), templos, santuários, etc.
E, quem fez nascer a nossa oliveira?
Zeus, o maior deus grego, filho de Cronos e Reia, convocou os deuses, Posídon (deus dos mares) e Atena (deusa da sabedoria), para lhe oferecerem a melhor prenda. Posídon, ofereceu uma corrente de água salgada e Atena, fazendo-a nascer da terra, ofereceu uma oliveira. Zeus escolheu a oliveira, como a prenda mais valiosa.
A propósito disto tudo, numa simples cultura pagã e religiosa, a verdade de cada religião, incluindo a católica, encerra a verdade de todas as outras e, por a negarem, assistimos hoje, a guerras religiosas, com as maiores ofensas a Deus.
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