Razao

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18/01/08

A Propósito do Museu Nacional da Ciência e da Técnica: A Razão de Ser do Estado Actual da Educação e da Cultura em Portugal (I)

Entrada do palacete Sacadura Bote, à rua dos Coutinhos, sede do MNCT. Onde deveria ser criada a Casa-Museu Mário Augusto da Silva.

Coisas que escrevi e aqui transcrevo. O texto que se segue foi escrito em Setembro de 2005. No entanto continua actual, razão porque decidi incluí-lo neste blogue. Ninguém sabe ainda o fim desta história… espero que melhor da que estava prevista na altura em que o texto foi escrito:

“Anunciam-nos que o Museu Nacional da Ciência e da Técnica (MNCT), com sede na cidade de Coimbra, foi oficialmente “enterrado” por Decreto-Lei. Aprovado em Conselho de Ministros em Setembro de 2004 o dito Decreto foi promulgado já com o Governo demissionário. Que linda iniciativa tiveram os nossos tão distintos governantes para comemorar, logo de início, o Ano Internacional da Física. O Professor Mário Augusto da Silva, seu criador, e um dos maiores Físicos portugueses do Século XX, é assim homenageado de forma exemplar. Só mesmo em Portugal.

Mas não espanta! Nada mesmo! Afinal faz todo o sentido! É que segundo relatórios recentes da OCDE sobre o estado da educação nos países da União Europeia, divulgados na semana passada, Portugal ocupa uma posição “honrorosíssima” no ranking divulgado por aquela Instituição. Há, portanto, que tudo fazer para manter a posição na tabela classificativa. Em contratar novos “avançados”, como se diz na giria do nosso quase tudo. E para isso, faz todo o sentido encerrarem-se instituições como o Museu Nacional da Ciência e da Técnica (MNCT) e enterrarem-se milhões no “OVNI” estacionado em S. José. Parece agora que o novo governo se prepara para vender o património e, já agora, o espólio. Que é riquíssimo. Ao contrário do que pensam dele os iluminados dos nossos responsáveis. A maior parte encontra-se abandonado pelos corredores e salas infindáveis do rés-do-chão do Antigo Colégio das Artes. Pois então, como bons portugueses, montem a tenda nos jardins do Palácio Sacadura Bote ou no pátio do Colégio, chamem o Zé da feira dos 23, que vende atoalhados como ninguém, convidem os ex-residentes da Quinta das Celebridades e do “Big-Brother”, e afins, e façam o leilão mais espalhafatoso do século!

Há uma falta de visão estratégica, de aposta na educação das futuras gerações, que é, simplesmente, confrangedora. Como queremos mudar o estado da educação em Portugal? Especialmente o relacionado com o ensino da Física e da Matemática? Fechando Museus que podiam ser o “click” para que muitos jovens adquirissem o “bichinho” por aquelas ciências fundamentais? E para quê? Para que, como bons merceeiros e comerciantes que somos, pouparmos, no imediato, uns euritos? Sim! Uns euritos!!! Sacrificando milhões que poderiam ser ganhos, de forma indirecta, no futuro? E, ao mesmo tempo, privar os nossos jovens de ter acesso à verdadeira educação e cultura que mereciam ter? Quem queremos formar? Físicos, matemáticos, engenheiros e bons politicos, ou fadistas, toureiros, futebolistas e palhaços?

Mas não devemos ter só em consideração o bem fazer educação e cultura. Temos também que falar em economia, neste caso, em Turismo. E Coimbra, neste contexto, terá muito a perder se deixar que o tal leilão aconteça. Coimbra, tem, felizmente, todas as condições para oferecer um turismo cultural de elevada qualidade. É provavelmente a cidade portuguesa que melhores condições oferece nesta área. O que falta é governantes autárquicos com mais visão, que possam exigir, ou melhor, que saibam exigir dos lobbies alfacinhas aquilo a que a cidade por direito tem, e que sempre lhe quiseram roubar. Que apostem na requalificação de instituições como o Museu Nacional da Ciência e da Técnica. Que ali ponham cientistas e técnicos, competentes e capazes, que façam dele o que o seu criador dele esperava. E isto nem sequer requer grande despesa. Requereria somente bom senso, visão e competência. Bastava, pelo que tenho visto, o dinheiro gasto nos panfletos da campanha autárquica que se avizinha para que se sustentasse o Museu durante muitos meses, se calhar anos. E a Universidade de Coimbra também teria que dar o seu contributo. Por exemplo, cedendo a título definitivo o espaço onde o espólio do actual Museu se encontra abandonado. São instalações onde se poderia criar um magnífico Museu. Refiro-me ao Antigo Colégio das Artes. Mas, uma coisa é certa. A cidade de Coimbra não pode deixar que lhe tirem o espólio e o património que é o MNCT. Que espaço museológico único não se poderia criar ali naquela zona, onde o futuro Museu da Universidade, a ser criado (obras de Santa Engrácia...), no Antigo Chimico, teria como vizinhos o Museu Pombalino de Física em frente (esperemos que as autoridades competentes não desfiram nova machadada no nosso património, retirando este Museu do espaço que, por direito próprio, ocupa actualmente), juntamente com o Museu de Zoologia e Mineralogia, e o Museu Nacional da Ciência e da Técnica ao lado. E diria mesmo mais. Que fantástico Museu da Ciência e da Técnica poderia ser criado em toda aquela zona, se exitissem responsáveis competentes e com visão que esquecessem as suas capelinhas, pequenininhas. Volta Pombal!

E assim, hoje, dois anos volvidos, continuamos à espera de uma resolução, solução, enterro… qualquer coisinha, enfim! Há uns anos atrás dizia que o Museu, já naquela altura, pálida imagem do que nos foi deixado pelo Prof. Mário Augusto da Silva, falecido em 1977, deveria ter mudado de nome para Museu da Vergonha Nacional. Que diferença com o que se passa lá fora! Por curiosidade veja-se, por exemplo,
O Museu de Ciência de Londres ou a Cidade das Ciências e da Indústria, em La Villette. Agora experimente visitar a página oficial do MUSEU NACIONAL DA CIÊNCIA E DA TÉCNICA , que encontraria após pesquisa no Google. QUE VERGONHA!


Mas a História far-se-á! E este blogue tentará contribuir para que a não branqueiem!

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