Belas reflexões com terríveis confusões. Será que as minhas também? Será que estamos todos condenados a tomar Prozac no futuro? Senão vejamos.
Recebi por e-mail uma reflexão interessante sobre os tresloucados dias em que vivemos. Vale a pena ler esta reflexão do jovem jornalista João Pereira Coutinho (JPC):
"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"
No essencial temos que dar os parabéns ao autor deste pequeno texto, pois dá-nos um excelente retrato social do nosso mundo, em meia dúzia de linhas. O que é perturbador é o facto de João Pereira Coutinho (JPC) dizer-se cientista político (pressuponho que com elevada formação para o afirmar) mas, ao mesmo tempo, confundir ideais políticos. É que JPC diz-se defensor dos valores de direita, mas se pensar um pouco mais, se reflectir um pouco mais fundo, perceberá que todo o problema que coloca se deve ao facto de, na realidade, vivermos num mundo comandado pelos valores de direita. Se fossemos governados por verdadeiros ideais de esquerda (não deturpados), seria sempre a felicidade humana, comum, que seria o principal objectivo da política, e nunca, como de facto acontece, o alcançar da excelência pessoal, egoísta, a todo o custo. Esta é uma das consequências da prática da direita na política. Isto para mim é óbvio e cristalino como a água, embora não tenha formação académica na área das Ciências Políticas. Sou autodidacta nestes assuntos, podendo apenas afirmar que sou cientista, no sentido em que, profissionalmente, tento explicar fenómenos físicos recorrendo à experimentação e ao método científico.
Portanto, há no pensamento de JPC alguma confusão. Há pessoas assim, que nunca sabem qual é a direita e qual é a esquerda... Mas não deixa de ser perturbador que JPC se refira à ideologia que diz defender nos seguintes termos: "Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas…". Isto é, no mínimo, paradoxal!
Também as razões para a necessidade da mamada generalizada no Prozac, por parte da população, podem ter razões que, de certa forma, já foram premeditadas num passado recente. Passo a explicar. Não se trata somente da “meritocracia”, a que JPC alude. É bem mais do que isso. É o problema da inadaptidão humana para acompanhar a velocidade da evolução tecnológica. Dito por outras palavras, as pessoas podem ficar “analfabetas” num espaço de tempo curto. No tempo dos nossos avós pouca evolução houve. Nasciam e morriam rodeados de praticamente as mesmas coisas. Hoje não é assim. A revolução informática acelerou, para níveis nunca imaginados, o progresso de quase tudo. As pessoas sentem muita dificuldade em acompanhar esta evolução e em tratar toda a informação com que são diariamente bombardeadas. As que não conseguem adoecem psicologicamente. É por esta razão que o sociólogo americano Alvin Toffler previa, nos anos 80, que as principais doenças do Século XXI seriam do foro psíquico. Daí o Prozac. Efectivamente, também nos apercebemos que JPC se acha também muito confuso, pelo que lhe aconselhamos que vá tomando algum, de vez em quando. Porque, sinceramente, faz falta ao jornalismo português pessoas cultas como JPC.
Recebi por e-mail uma reflexão interessante sobre os tresloucados dias em que vivemos. Vale a pena ler esta reflexão do jovem jornalista João Pereira Coutinho (JPC):
"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"
No essencial temos que dar os parabéns ao autor deste pequeno texto, pois dá-nos um excelente retrato social do nosso mundo, em meia dúzia de linhas. O que é perturbador é o facto de João Pereira Coutinho (JPC) dizer-se cientista político (pressuponho que com elevada formação para o afirmar) mas, ao mesmo tempo, confundir ideais políticos. É que JPC diz-se defensor dos valores de direita, mas se pensar um pouco mais, se reflectir um pouco mais fundo, perceberá que todo o problema que coloca se deve ao facto de, na realidade, vivermos num mundo comandado pelos valores de direita. Se fossemos governados por verdadeiros ideais de esquerda (não deturpados), seria sempre a felicidade humana, comum, que seria o principal objectivo da política, e nunca, como de facto acontece, o alcançar da excelência pessoal, egoísta, a todo o custo. Esta é uma das consequências da prática da direita na política. Isto para mim é óbvio e cristalino como a água, embora não tenha formação académica na área das Ciências Políticas. Sou autodidacta nestes assuntos, podendo apenas afirmar que sou cientista, no sentido em que, profissionalmente, tento explicar fenómenos físicos recorrendo à experimentação e ao método científico.
Portanto, há no pensamento de JPC alguma confusão. Há pessoas assim, que nunca sabem qual é a direita e qual é a esquerda... Mas não deixa de ser perturbador que JPC se refira à ideologia que diz defender nos seguintes termos: "Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas…". Isto é, no mínimo, paradoxal!
Também as razões para a necessidade da mamada generalizada no Prozac, por parte da população, podem ter razões que, de certa forma, já foram premeditadas num passado recente. Passo a explicar. Não se trata somente da “meritocracia”, a que JPC alude. É bem mais do que isso. É o problema da inadaptidão humana para acompanhar a velocidade da evolução tecnológica. Dito por outras palavras, as pessoas podem ficar “analfabetas” num espaço de tempo curto. No tempo dos nossos avós pouca evolução houve. Nasciam e morriam rodeados de praticamente as mesmas coisas. Hoje não é assim. A revolução informática acelerou, para níveis nunca imaginados, o progresso de quase tudo. As pessoas sentem muita dificuldade em acompanhar esta evolução e em tratar toda a informação com que são diariamente bombardeadas. As que não conseguem adoecem psicologicamente. É por esta razão que o sociólogo americano Alvin Toffler previa, nos anos 80, que as principais doenças do Século XXI seriam do foro psíquico. Daí o Prozac. Efectivamente, também nos apercebemos que JPC se acha também muito confuso, pelo que lhe aconselhamos que vá tomando algum, de vez em quando. Porque, sinceramente, faz falta ao jornalismo português pessoas cultas como JPC.
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