Ontem, 20 de Janeiro de 2009, fez-se História. Foi a realização de um sonho. Sonho que ficou celebrizado no célebre discurso proferido por Martin Luther King, após a marcha de Washington, em 28 de Agosto de 1963: I have a dream. Sonho pelo qual foi assassinado anos mais tarde, no dia 4 de Abril de 1968. Sonho acalentado por gerações de negros americanos, que durante séculos viveram subjugados sob o espectro da discriminação e da segregação racial, essencialmente promovida por uma certa classe de americanos brancos conservadores. As suas origens são as mesmas que criaram o Apartheid na África do Sul. As mesmas que acalentaram a esperança hitleriana no apuro da raça eslava. O fim desta discriminação parece ter tido como corolário a nomeação do 44º Presidente dos Estados Unidos, ocorrida ontem, no dia em que se celebra Luther King. A nomeação de Barack Obama foi, na essência, a realização desse sonho. Todos os homens de boa-vontade sentiram, com certeza, uma enorme alegria. Mas é muito mais do que isso. Obama tem concentrada em si a esperança de todos os povos da Terra, livres e oprimidos. Tem pela frente, portanto, uma tarefa hercúlea e uma enorme responsabilidade.
Ontem, perante cerca de 2 milhões de pessoas, no mesmo local onde Luther King discursou, cerca de 46 anos antes, Obama fez um discurso magistral na cerimónia da sua tomada de posse. Uma cerimónia impressionante. Um discurso que só os mesquinhos, os que no fundo apoiam em surdina a segregação, a opressão, a exploração, em suma, a ganância humana, são capazes de pôr em causa. Nós conhecemo-los bem. Lá como cá. São sempre próximos da direita. Refugiam-se nela. Por isso não gostam de Obama. E Obama tem que ter cuidado. Por muito menos foi Martin Luther King assassinado. Por ser verdadeiro, ter lutado contra a corrupção e os lobbies da industria militar americana foi John F. Kennedy assassinado. Tarefas semelhantes são esperadas por parte de Obama...
Falando a verdade, pela verdade, desmascarando a hipocrisia da política balofa que nos inunda, Obama falou para dentro e para fora. Relembrando os líderes de fora que devem ter em consideração que na História dos seus povos ficarão imensamente mais reconhecidos pelo que construírem do que por aquilo que destruírem, Obama fez um discurso de esperança. Relembrando a história da construção da América, apelou a todo um povo, para se manter firme na defesa de valores e de direitos que, na realidade, são universais. Para que cerrasse fileiras e lutasse por um mundo melhor. We can! disse Obama. Cheio de coisas aparentemente simples, transmitiu ao mundo uma mensagem de esperança:
Our challenges may be new. The instruments with which we meet them may be new. But those values upon which our success depends -- hard work and honesty, courage and fair play, tolerance and curiosity, loyalty and patriotism -- these things are old. These things are true. They have been the quiet force of progress throughout our history. What is demanded then is a return to these truths.
Estou imensamente esperançado que uma nova ordem mundial surja. Que esta sociedade do consumismo pornográfico baseado no egoísmo atroz, do lucro pelo lucro, calcando tudo e todos, tenha um fim. Que a riqueza do planeta, explorada de forma sustentada, seja melhor distribuída e que, amanhã, possamos dizer:
Obrigado Obama!
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