O termo que, no mínimo, se pode usar para caracterizar as políticas do ministério da educação do actual governo "socialista" anti-socrático, para não indignar o sábio Sócrates, é só um: salgalhada. Para não dizer mais. Depois de no dia de ontem termos assistido a uma greve histórica dos professores, que sempre foram uma classe tradicionalmente desunida, com as televisões a mostrarem escolas encerradas de norte a sul do país, fomos confrontados com a presença do Sr. Secretário de Estado Valter Lemos nos noticiários da hora do almoço a dissertar sobre realidades inexistentes, dizendo, perante as evidências que o contrariavam, descaradamente, que, apesar de alguma adesão por parte dos professores, as escolas continuavam o seu trabalho normal. Obviamente, mentia!
Hoje, a ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues, no debate de urgência na Assembleia da Republica, vem dizer que está até disposta a aceitar um novo modelo de avaliação de desempenho dos professores, mas só para o ano. Neste ano, pasme-se, o modelo que ela e a sua equipa impuseram, é para cumprir. Mais nada! Isto é de uma contradição insanável. De uma arrogância que roça a loucura. Pode até assumir-se que o modelo não presta e que pode e deve ser mudado, mas, os professores que nos desculpem, o modelo é para cumprir. Porque, segundo a ministra é melhor implementar um modelo que não presta, que entope e atafulha burocraticamente as escolas, que paralisará as escolas, do que não fazer nada e deixar tudo como está. De facto, faria bem melhor em seguir o ditado: para pior já basta assim. A própria comissão de avaliação, nomeada pelo próprio ministério, veio dizer que o modelo não era exequível. Afinal o que andaram a fazer os políticos estes anos todos? Estivemos anos e anos sem que os sucessivos governos regulamentassem devidamente a lei para a avaliação dos professores e, agora, temos um governo autista, que não ouve ninguém, que legisla a seu belo prazer, mal e porcamente, sendo inclusivamente capaz de assumir que faz mal e, pior que tudo, tem feito muito mal à profissão docente. Rachou a carreira ao meio, dividindo os professores em professores de primeira e de segunda usando critérios estúpidos, a roçar a malvadez, tal foi a enormidade das injustiças que gerou. Além disso, o estatuto da carreira docente impingido por este governo é um cancro que deveria ser estirpado. Os professores não devem, não podem, calar-se. Penso que os sindicatos deveriam marcar greve por tempo indeterminado, seguindo o exemplo dos professores chilenos.
PS: registe-se que a ministra da educação e o ministro dos assuntos parlamentares se puseram a andar da Assembleia, deixando os deputados a falar sozinhos...
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