Razao

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06/09/12

Portugal Já Está a Arder!


Divagações em noites de terror.
Terror de alguns! Regozijo por estupidez e incompetência ou ganância de outros.

Parece ser o título do livro de Dominique Lapierre sobre a entrada dos nazis em Paris, ou o título de um outro, desabafo do industrial Jorge Jardim sobre a descolonização "exemplar" de Moçambique. Mas não. Agora o assunto é o mesmo, mas a terra queimada é outra: Portugal! E não é só no sentido literal, como naquelas obras. Portugal já está a arder a todos os níveis!

Há casos curiosos. Eu pertenço a uma família que, sendo anti-fascista, sempre foi perseguida pelo Estado Novo. Por isso, todos demos vivas sonoros quando, noite dentro, ouvíamos o avanço da revolução dos cravos. Nos dias seguintes, em Moçambique, mãe e pai discursavam livremente para toda a população, dando vivas à revolução que tardou em chegar. Estavam longe de imaginar que seria o princípio do fim de trinta longos anos de trabalho árduo em terras moçambicanas, muitas vezes defendendo veementemente, perante a PIDE, muitos cidadãos moçambicanos acusados de pertencerem à FreLiMo. E a paga? No verão desse ano vieram de férias a Portugal e nunca mais regressaram, devido ao genocídio de muitos portugueses naquele Setembro Negro de 1974 em Lourenço Marques. Ainda sob o domínio português, pasme-se, e cuja História ainda está por fazer. Naqueles dias negros, milhares de portugueses foram, literalmente, abandonados por Portugal e chacinados por incentivo e mando de Samora Machel. Uma besta que destruiu um dos países mais bonitos do mundo! Que pena não ter sido Mondlane, assassinado pela PIDE, ou mesmo Chissano a iniciar o processo de independência de Moçambique. Adiante. Aqui ficaram, sem nada, roubados e espoliados pelos Estados Português e Moçambicano. Como eles, com medo de perderem a vida, cerca de 200.000 portugueses foram obrigados a deixar o país. Perdemos todos. Enfim, esta é a triste sina do ser português... Mas dizia, parecendo incongruente, apesar de ser de esquerda, não esqueço o mal que a esquerda daqueles tempos fez à minha família. Jamais esqueceremos! Mas o assunto, hoje, é Portugal.

Histórias e factos de um país à beira do caos.

Portugal arde em todos os sentidos. Lamentavelmente o povo português continua adormecido. Somente aqueles que sofrem na pele os efeitos dos incêndios que lhes batem à porta estão acordados e bem acordados. Aos outros, que julgam que nunca nada lhes acontece, preferem dormir e deixar andar, mesmo que a casa do vizinho já esteja em chamas. Até um dia!... Rio de Mel foi evacuado...

Infelizmente, falar dos incêndios em Portugal no pós-25 de Abril é como falar do próprio país, da sua história e da sua política. A história do país "democrático" e a dos incêndios têm um denominador comum. A corrupção. Os incêndios que, como todos sabemos, ano após ano deflagram no nosso país, tantas vezes de origem criminosa, e que têm destruído uma das maiores riquezas naturais de Portugal, com tremendos prejuízos humanos e ambientais, para não falar dos económicos, nunca estiveram na agenda dos badamecos dos políticos que nos têm (des)governado. Sim, badamecos! Sem mais! Tal e qual como ouvi ontem, no Eixo do Mal, Clara Ferreira Alves a referir-se a um que alapou no poder e que não sai enquanto não fizer o "negócio da sua vida", leia-se, um negócio chamado RTP. O badameco é, como calculam, o pseudo "doutor" que dá pelo nome de Miguel Relvas. É triste que nós tenhamos que o tratar assim, mas que fazer quando esta gente não sabe o seu lugar? Não tem ética política e, pior, vergonha na cara? Mas à incompetência deste senhor, junta-se a de todo um governo a quem se terá que assacar a responsabilidade de ter sido o verdadeiro carrasco de Portugal. Por pura teimosia e fanatismo político ao serviço de interesses estrangeiros! Medina Carreira, que defende o que eu aqui já defendo há muitos anos, ao contrário do que apregoa, peca por ser intimamente um fanático de direita encapotado. Embora concorde com o problema do fim da indústria Ocidental às mãos dos orientais, discordo profundamente dele quando diz que foi o anterior governo o responsável pela situação económico-financeira que Portugal vive hoje. Não foi! E eu fui um acérrimo crítico de Sócrates. O que aqui escrevi fala por mim, por exemplo. A verdade é esta. Portugal foi conduzido à situação actual, bem pior da que se vivia há um ano e meio atrás, para que fosse melhor espoliado dos seus bens! A política seguida é de verdadeira terra queimada, economicamente falando. Num só ano fizeram-nos muito mal! Neste blogue, alertámos-lo aqui e acolá. Será que todos estes politiqueiros serão um dia julgados? Esperemos que sim!

Neste contexto, podemos dizer que há muito que Portugal está a arder. Em lume brando! E nos verões quentes, literalmente, em lume intenso e diabólico. Infelizmente, nunca houve vontade política para acabar com o flagelo dos incêndios. Interesses ou incompetência? Ambos! Todos sabemos que a mão criminosa começou quando o negócio da madeira queimada assim o exigiu, sem que a classe política tivesse mexido uma palha para acabar logo com o negócio sujo. Agricultor que não vendesse o pinhal são por tuta e meia, depressa o despacharia pelo preço da uva mijona mal o fogo lhe consumisse as primeiras pinhas. Foi este o primeiro móbil dos criminosos das florestas portuguesas, aonde os madeireiros e as celuloses não ficam nada bem na fotografia. Depois o crime refinou-se. Ardia muito. Ardia com força, com a força do diabo. Não há como o português para depressa arranjar forma de lucrar com a desgraça alheia. Depressa arranjaram forma de ganhar muito dinheiro com a "concessão" dos meios de combate aos incêndios. Agora deitam fogo para depois serem chamados a apagá-lo. E tem sido assim. Se por vezes há descuido das populações, das forças da natureza, na maior parte dos casos, há crime. Crime que praticamente nunca é punido. E de crime em crime vão destruindo a floresta, o ambiente, e o lar de milhares de portugueses, com a passividade de outros tantos. Até quando?

Hoje está uma noite diabólica e o cheiro a caruma queimada, que sinto entrar pela janela, é prenuncio de que há muitos compatriotas nossos, com o credo na boca, a viverem uma noite infernal. Posso imaginar. Felizmente saímos incólumes, quando o fogo andou por aqui perto no verão de 2005. Nesse verão o fogo andou dentro da cidade de Coimbra, e foi preciso isso para que os políticos se mexessem e fizessem alguma coisa. Na altura fizeram um Decreto-Lei sobre a limpeza de matos e florestas que ainda hoje, julgo eu, se encontra em vigor. Esta Lei veio alterar a que vigorava, pasme-se, desde o tempo de Salazar. Infelizmente, ninguém a cumpre e nem ninguém é responsabilizado por não a cumprir. E dou um pequeno exemplo. Nesse ano de 2005 a Mata Nacional de Vale de Canas, com espécies de flora e fauna únicos no mundo ardeu. Uma mata lindíssima aonde se podiam encontrar os eucaliptos mais altos da Europa. Hoje, tão pouco tempo passado da catástrofe, quem sobe pela estrada que liga a cidade de Coimbra a Vale de Canas pode até ter um acidente de viação devido à completa falta de visibilidade causada pelo mato alto que circunda a estrada municipal. Por desleixo, incúria e incompetência de quem governa a edilidade, o mato que a lei manda cortar até uma distância de 15 m da via, cresce e desenvolve-se livremente. A Câmara dá assim um péssimo exemplo aos cidadãos, desrespeitando, lamentavelmente, a Lei. Desrespeita-a não só no que se refere à falta da limpeza das vias, de que é responsável, como também nada faz pela limpeza de matas e florestas junto das povoações pelas quais é responsável. As matas e florestas não são limpas. Naquele ano, lembro-me, já pressentindo o pior, andei de porta em porta das autoridades para que fizessem alguma coisa relativamente ao mato que circundava (e continua a circundar) a minha casa, rico em mimosas e eucaliptos enormes, fetos, silvas e até restos de madeira queimada do incêndio que tinha ocorrido dez anos antes. Fui, literalmente, gozado. Uma das cenas trágico-cómicas de que me lembro, nesse ano, e após as minhas diligências, apareceram em minha casa, para tomar conta da ocorrência, um sr e uma sra. num belo jipe camarário. Presumo que se passeiem imenso, dado que nada fazem! Olhando para a carga térmica infernal ali mesmo à sua frente, num terreno de elevado declive, e depois de terem contado as três casas dos meus vizinhos (esquecendo-se de todas as outras que estão por detrás no interior da aldeia), disseram-me na cara que eram árvores (as mimosas e os eucaliptos que a lei impede que estejam a menos de 50 m de habitações e a menos de 200 m de povoações!) e que, por isso, nada podiam fazer. Se quisesse ver-me livre daquelas árvores que me invadiam, literalmente, o jardim, a uns 3 m da parede da casa, teria que processar os proprietários dos respectivos terrenos em Tribunal. Pu-los imediatamente na rua e, até hoje, nenhuma resposta oficial me foi dada. Lembro-me bem que um dos proprietários, quando numa das  diversas vezes lhe pedia para que limpasse o mato, ou que me deixasse a mim fazê-lo, me respondeu: "não limpo nem deixo limpar!" (sic). Disso não quisemos nós saber quando, naquela noite infernal, eu e o meu vizinho saltámos para o terreno, armados com moto-serra e deitámos abaixo todas as mimosas e eucaliptos que pudemos. Às tantas uma delas caiu um pouco de lado e enfaichou-se no muro da minha casa, destruindo-o parcialmente. Como o fogo se aproximava pela frente, e com as fagulhas já a esvoaçar por cima das nossas cabeças, abandonámos tudo e corremos para a frente das casas para o atacar. Valeu-nos a chegada dos bombeiros de Penacova que assentaram arraiais mesmo à nossa frente, para nosso alívio. Cheguei a ter o carro a trabalhar à frente de casa temendo o pior. No dia seguinte, depois de uma noite em branco, só sossegada pelo barulho dos Canadair na manhã seguinte, fomos novamente para o terreno. Tinha que me livrar da copa da árvore que agora estava dentro da minha casa. A situação era mais perigosa do que antes. Assim foi. Estávamos nós a cortar quando vimos um jipe parar no cimo na estrada. Lembro-me que dizia polícia florestal na porta. Achei curioso, pois nunca tinha visto nenhum antes. Indagados se tínhamos autorização do dono para ali estar, depressa dissemos que não. E contei-lhe a história, dizendo-lhe quem era o dono e aonde ele vivia. Depois de nos dizer que, efectivamente, tendo sido declarada situação de emergência, podíamos continuar a cortar à vontade, exclamou qualquer coisa do género: "Ai é desse senhor? Tem a certeza? Esse que tanto escabeche fez ontem, dizendo cobras e lagartos aos bombeiros por se ter visto em apuros com a casa rodeada pelo fogo? Esperai aí que ele já vai ver..." e assim, metendo-se no jipe, arrancou a toda a velocidade na direcção da casa do dito cujo. Só sei que desde essa altura, e sem que seja preciso dizer nada, o mato vai sendo limpo na parte que lhe diz respeito. Pior é o da parte debaixo, pertencente a um GNR, que já me ameaçou pelo facto de o ter intimado via junta de freguesia. Tenho aqui eucaliptos maiores que a minha casa, a poucos metros da parede.

Mas, diga-se, a maior aliada que tenho tido nesta luta tem sido a Junta de Freguesia de S. Paulo de Frades. Neste capítulo, tem feito um bom trabalho que, espero, se possa manter no futuro, pois vemos o governo com vontade de dar cabo de tudo... para melhor poder queimar, literalmente, o país. Assim, sugiro que em vez de acabarem com as juntas de freguesia, que nos são próximas, acabem com as Câmaras, verdadeiros sorvedouros de dinheiros públicos, cheias de boys e de incompetentes. 

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