Uma carta ao Director do Diário de Coimbra:
A forma como o morto-vivo Museu Nacional da Ciência e da Técnica (MNCT), Dr. Mário Silva, tem sido tratado pelas autoridades competentes é, pura e simplesmente, inadmissível e intolerável. Essa forma, só pode ser possível num país de Estado “Torto”, atrasado, inculto, sem regras, sem rei e sem roque. Como poderiam os governantes de um país civilizado mandar fechar as portas do seu Museu Nacional da Ciência? Impossível! Ninguém lhes perdoaria e seria um escândalo. Mas é precisamente isso que está a acontecer em Portugal. Lamentavelmente, tudo isto está a ser feito às escondidas, à socapa e sem que ninguém se indigne. A falta de cultura é tanta que, mesmo os que sabem, fecham os olhos e assobiam para o lado. A tutela, no presente, não querendo ver o seu nome ligado a este crime de lesa-pátria, que o é, acobarda-se e não legisla. Percebe-se porquê. Esconde-se, com medo, segredando ao ouvido dos responsáveis da Universidade de Coimbra, para que eles, aos poucos, se apoderem do património (aquele que lhes interessar). Esperemos que os seus responsáveis não repitam o espalhafatoso leilão que ocorreu às portas do antigo laboratório de Física, no início do século passado, desbaratando um património único no mundo, que pertencia ao antigo laboratório de física pombalino, mandado instalar em Coimbra pelo Marquês de Pombal no âmbito da sua Reforma, para que aqui, finalmente, com cerca de duzentos anos de atraso em relação à Europa, as Ciências Físicas fossem ensinadas com base na experimentação. Foi também devido ao Professor Mário Silva que parte desse património leiloado foi recuperado. Ele que, lamentavelmente, viu a sua última obra, precisamente o MNCT, ser destruída lentamente desde 1977, ano da sua morte, até ao presente. Que vergonha!
A forma como o morto-vivo Museu Nacional da Ciência e da Técnica (MNCT), Dr. Mário Silva, tem sido tratado pelas autoridades competentes é, pura e simplesmente, inadmissível e intolerável. Essa forma, só pode ser possível num país de Estado “Torto”, atrasado, inculto, sem regras, sem rei e sem roque. Como poderiam os governantes de um país civilizado mandar fechar as portas do seu Museu Nacional da Ciência? Impossível! Ninguém lhes perdoaria e seria um escândalo. Mas é precisamente isso que está a acontecer em Portugal. Lamentavelmente, tudo isto está a ser feito às escondidas, à socapa e sem que ninguém se indigne. A falta de cultura é tanta que, mesmo os que sabem, fecham os olhos e assobiam para o lado. A tutela, no presente, não querendo ver o seu nome ligado a este crime de lesa-pátria, que o é, acobarda-se e não legisla. Percebe-se porquê. Esconde-se, com medo, segredando ao ouvido dos responsáveis da Universidade de Coimbra, para que eles, aos poucos, se apoderem do património (aquele que lhes interessar). Esperemos que os seus responsáveis não repitam o espalhafatoso leilão que ocorreu às portas do antigo laboratório de Física, no início do século passado, desbaratando um património único no mundo, que pertencia ao antigo laboratório de física pombalino, mandado instalar em Coimbra pelo Marquês de Pombal no âmbito da sua Reforma, para que aqui, finalmente, com cerca de duzentos anos de atraso em relação à Europa, as Ciências Físicas fossem ensinadas com base na experimentação. Foi também devido ao Professor Mário Silva que parte desse património leiloado foi recuperado. Ele que, lamentavelmente, viu a sua última obra, precisamente o MNCT, ser destruída lentamente desde 1977, ano da sua morte, até ao presente. Que vergonha!
A razão de ser deste texto prende-se com a verdadeira salgalhada em que colocaram o Museu. Em primeiro lugar, a nomeação do actual director (ex-director?) do Museu Nacional da Ciência e da Técnica para director do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra, também Professor da Universidade de Coimbra. Não haveria aqui um caso de pura incompatibilidade? Não terá sido propositado? Pois sabemos que o resultado foi o que soubemos posteriormente. O MNCT será extinto e integrado na Universidade! Mas em que moldes? Ninguém sabe e, pelos vistos, ninguém quer saber. Aonde está o documento legal que o oficializa? Como pode a Universidade de Coimbra estar já a pagar os vencimentos dos antigos funcionários do MNCT, há cerca de dois anos, se estes não são, oficialmente, seus funcionários. Como pode o palacete Sacadura Bote, sede do MNCT, à rua dos Coutinhos, que deveria ser, por mera e elementar justiça, Casa-Museu Mário Silva, estar a ser ocupado por fundações da Universidade, se, legalmente, no papel, como sói dizer-se, o MNCT, morto-vivo, é certo, ainda não foi oficialmente extinto?
Mas não se pense que estamos contra o Museu de Ciência da Universidade. Não! Apesar da falta de ambição que lhe preside, achamos que este investimento só peca por tardio e porque a Universidade está em Coimbra. A de Lisboa teve logo o seu Museu em 1977, logo a seguir à morte do Professor Mário Silva, tendo os seus responsáveis, na altura, omitido, propositadamente, que já existia um Museu Nacional de Ciência em Portugal, obra do Professor Mário Silva.
Agora todos querem lavar as mãos como Pilatos. Mantêm o MNCT no limbo porque, conscientemente, sabem o mal que estão a fazer. Estão a enterrar o Museu de Ciência de Portugal. Estava maltratado? Sim, estava muito. Mas o Museu tem (tinha?) um excelente património. Mas é preciso dizê-lo. Por culpa da Câmara Municipal da Coimbra, que sempre lhe virou as costas e pela própria Universidade, que sempre lhe fez o mesmo. Não havia condições para o MNCT estar em Coimbra? Que o levassem daqui para fora, para Lisboa, para o Porto, para onde Judas perdeu as botas. Mas extingui-lo? Que assumam as suas responsabilidades e assinem de vez os diplomas necessários para pôr fim a toda esta comédia trágica, desferindo a machadada final no Museu Nacional da Ciência e, também, uma valente machadada na cultura portuguesa. Tenham coragem e assumam as responsabilidades como os homens que foram capazes de extinguir um Museu Nacional de Ciência. Tenham a grandeza dos talibã que assumiram a responsabilidade de arrasar as estátuas dos Budas no Afeganistão. E Portugal ficará reduzido aos “museuzinhos” de Ciência das suas velhas universidades.
Não haja dúvida que a Ciência continua a ser o parente pobre da cultura portuguesa. Há milhões para todo o tipo de museus, excepto para os de Ciência. É um património que não é preciso salvaguardar e dar a conhecer. Bastam os centros Ciência Viva, não é? Não é por acaso que o país está na sua situação actual. Há uma crise profunda de valores e uma ausência total de cultura e bom senso nos que nos governam. Da esquerda à direita...
Maria Isabel Silva
Coimbra
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