Os possíveis cenários do caso TVI.
Primeiro, o mais óbvio. Aquele em que acreditámos numa primeira análise. Afinal de que valeu o afastamento de Manuela Moura Guedes (MMG), a não ser para uma dupla machadada em José Sócrates e no PS, em vésperas de eleições legislativas? Acusado de corrupção e, ao mesmo tempo, acusado de tentativa de obstrução à liberdade de informação, ambas são acusações que podem custar muitos votos. Se o afastamento de MMG tinha como objectivo impedir a divulgação pública da peça sobre o caso Freeport, o Jornal Nacional da TVI, sem MMG, não a teria passado, como acabou por acontecer. Aliás, hoje em dia, toda a gente sabe que seria impossível impedir a divulgação pública de uma peça destas. Até pelos interesses económicos e as audiências em jogo. Assim, é lícito pensar que os dirigentes do PS não seriam tão burros ao ponto de cometerem o harakiri político ao interferir, neste momento, na programação de um canal televisivo e de serem acusados de asfixia da liberdade de informação. No entanto, se o objectivo era castigar a jornalista, pela sua "irreverência" e guerra com o governo, o "timing" foi excelentemente bem escolhido para afectar o PS nas eleições. Se o PSD está por detrás disto ou não, segundo Manuela Ferreira Leite, nunca o saberemos. As provas apontam nesse sentido, com o levantamento do chamado TABU da ASFIXIA. Esta é a ajuda que o PSD acaba por dar ao PS numa possível segunda versão dos factos.
O segundo cenário poderá ser simplesmente maquiavélico. Independentemente da campanha de MMG ser caluniosa ou não, porque isso só a justiça poderá apurar, o que é público é que o nosso PM estava em guerra aberta com o Jornal Nacional e MMG. Efectivamente, também se pode pôr a hipótese de o PM, com a arrogância que sempre o caracterizou e com o seu orgulho ferido, querer “calar” à viva força Manuela Moura Guedes. Chamou os seus conselheiros e colocou-lhes a questão. O que fazer? O problema principal era o do “timing” político, porque tudo apontaria no sentido de José Sócrates e do PS. A jogada de mestre está precisamente aqui. Um grande bluff. Ou seja, com uma pequena ajuda, seria certo que o povo português rapidamente iria perceber que a saída de MMG, nesta altura, só prejudicaria o PS e, como tal, seria inverosímil que o PS ou o PM fizessem uma coisa dessas. Assim, Sócrates e os seus conselheiros mexem os cordelinhos para que MMG saia efectivamente de cena, como pretendia Sócrates. Ao mesmo tempo, dando a entender que esse acto só os prejudicaria a eles próprios nas próximas eleições, fazem-nos crer que é o PSD que está por detrás da marosca para tirar dividendos políticos, fazendo-se passar por vítimas inocentes. Além disso, colocam em segundo plano o essencial: a notícia em si. Genial!
Provavelmente nunca saberemos a verdade. Seja no entanto como for, num caso ou no outro, resta-me dizer que este caso TVI é um verdadeiro nojo de aproveitamento político, como diria Medina Carreira. E para que fique claro, não votarei no PS nas próximas eleições, pela primeira vez na minha vida, porque deixei de me rever nas suas políticas. É claro que houve aspectos positivos. Mas eu faço um balanço negativo. Intolerável o que fizeram aos professores, vergonhoso o que fizeram em termos de regulação da banca (a CGD é uma nojeira, os casos BPN e BPP…), seguros e sector energético (a privatização total da GALP e EDP deve ser um desígnio nacional), etc. Aliás, a EDP é monopolista e nos EUA nem sequer poderia operar. Imperdoável! Pior só mesmo um possível governo do PSD de Manuela Ferreira Leite ou do PP de Paulo Portas. Votemos por isso nos pequenos partidos. Vamos dar-lhes uma lição!
4 comentários:
A melhor solução para a MMG e TVI é deixar península Ibérica dos Filipes
e zarpar para o UK ou USA: BBC, SAKY NEWS e CNN!
Então inicia-se a 2ª Restauração de Portugal!
Como diz, todos os cenários são possíveis.
Gosto de ler livros de História Contemporânea ( parece paradoxo) porque, dez ou vinte anos depois, nos relatam muitas vezes como as coisas se passaram. Nós, que as conhecemos de perto, ficamos siderados com revelações que o tempo torna possíveis.
Daqui a uns anos saberemos como foi o caso TVI.
Pessoalmente inclino-me para a opinião de Marcelo R de Sousa.
M M Guedes era um vómito permanente. A mulher interessante e irreverente dos anos 80, tornou-se um camafeu repugnante. Portanto, ambientalmente, todos ficámos a ganhar.
Mas neste país tudo é possível. Não me admirava nada que daqui a meses o Moniz acabasse a dirigir programas na SIC e o coirato da mulher aparecesse outra vez a vomitar à hora do nosso janar...
Gostei de passar por aqui.
Viva Coimbra!
Agora a MMG e a TVI em virtude de entrada da Dinastia dos Filipes em Portugal podem ir para a BBC da Inglaterra, para a Sky News, CNN dos EUA e começar a 2ª Restauração de 1640.
A História repete-se!
O saudoso Fernando Pessa
fez o mesmo na 2ª Guerra Mundial!
Enquanto os lideres dos partidos do alterne se acusam mutuamente de asfixia democrática e a Dª Manuela se passeia num carro pago por todos nós.
Numas eleições que deviam ser democráticas aos partidos do poder é dado praticamente todo o tempo de antena e grande parte das páginas dos jornais aos pequenos partidos fica reservado um pequeno canto escondida numa das paginas secundárias e no que toca a televisão um rebuçadinho pequeno para ver se os “garotos” não fazem birra. Também não me consta que a todos os cabeças de lista tenha sido atribuído um carro de serviço para deslocações de campanha.
Pelo que é justo concluir que as acusações são mais que fundadas, os partidos do sistema é certo uns mais que outros andam a asfixiar a democracia em Portugal.
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