Razao

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11/03/08

Reforma Indignante!

A propósito ainda da manifestação dos professores deparei com o seguinte "post" "A acção colectiva e a sua lógica" publicada no blogue Ladrões de Bicicletas, que também vem publicado aqui. O "post" vem a propósito de uma análise publicada por Vital Moreira. Sendo a perspectiva de Vital Moreira baseada na de Mancur Olson, "inspirador de uma das mais eficazes linhas de ataque neoliberal aos pilares fundamentais do Estado Social", como diz João Rodrigues no seu "post", é de facto razão mais do que suficiente para ficarmos todos preocupados com "a extensão da guinada à direita do «socialismo moderno»", nas palavras do mesmo autor. Também já o tinha dito no meu "indignação!". Agora, é de facto lamentável que Vital Moreira venha diminuir a justeza da luta dos professores contra uma reforma indignante. Vindo de quem vem, só nos pode deixar preocupados. Na realidade, o PS e o seu governo têm intoxicado a opinião pública com slogans demagógicos, tentando que a opinião pública tome o seu partido contra os professores. Por isso, não acredito, como diz Vital Moreira, que "a maioria da população que pode apoiar essas mesmas reformas não tem nem a mesma intensidade de interesses nem a mesma capacidade de mobilização". Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Eu espero que os portugueses contradigam este tipo de opinião e apoiem os professores. Porque ao fazê-lo estão a defender a justiça e a verdade, contra a arbitrariedade. Acredito que o façam e não se deixem enganar por majores e outros. Pois, não é por acaso que numa recente sondagem, mais de 40% dos portugueses elegeram a classe dos professores como a classe em quem mais confiavam, contra somente 6% na classe politica, que ficou em último lugar.

Relativamente ao «socialismo moderno» tenho que dizer o seguinte. Em primeiro lugar não devemos confundir a árvore com a floresta. Continuo a acreditar que os partidos sociais democratas do Norte de Europa ainda não se venderam, como aconteceu com os do Sul, inclusivamente em Portugal. E espero que lá não esqueçam Olof Palm, como acontece aqui. O neoliberalismo vigente, ao qual governantes ditos "socialistas" têm baixado as calças, é imposto directamente pela globalização dos interesses das grandes multinacionais. Os "pseudo-socialistas-democráticos" ou os "pseudo-sociais-democratas", como não conhecem os valores daquilo que dizem defender, são facilmente comprados. E é isso que está a acontecer um pouco por toda a Europa, excepto nos países mais evoluídos, que são os do Norte. A conquista dos direitos de quem trabalha levou muito sangue, suor e lágrimas. A história do sindicalismo também. Engels tinha razão. Como os ciclos da História se renovam, se calhar é necessário voltar às lutas sindicais do início do século passado. A diferença fundamental, contudo, é que naquele tempo foram as classes operárias que vieram para a rua. Agora são as intelectuais que vêm. E, neste contexto, Portugal já está a fazer História.
PS: Foram cerca de 100.000 professores de todo o país que estiveram em Lisboa! Simplesmente impressionante para uma classe tradicionalmente desunida!

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