Miguel Portas

É duplamente lamentável! A corrupção alastra e o roubo institucionaliza-se. Logo agora, Miguel, que tanto eras preciso! Não é justo! Não chegava já o castigo que temos tido? Porque nos leva Deus um dos nossos? Que levasse um daqueles ali, que cá não fazem falta. Numa hora em que tanto precisávamos de homens íntegros, de políticos genuinamente preocupados com o desenvolvimento social, económico e humano,  harmonioso, ficamos sem um dos seus melhores defensores. Não é justo! Aqui sempre governou quem não mereceu ou merece. Premeia-se o aldrabão em detrimento do íntegro. O déspota em detrimento do justo. O analfabeto cultural em detrimento do sábio. Não é justo! Mas os vampiros, como cantava o Zeca, rodeiam bem a sua manada. O povo! Incompetentes, por opção, no fazer bem público, são sagazes a satisfazer as suas ambições mesquinhas, as suas vaidades vãs. Gostam que lhes chamem doutores e de mandar nos outros. São pequenos, de lábios finos e olhos juntos. Querem ser Senhores. Os banqueiros, esses, ávidos de dinheiro, franqueiam-lhes as portas, usando os media. Qual pedra filosofal na transformação da realidade em mentira e da mentira em realidade. Estendem-lhes passadeiras vermelhas por onde os primeiros caminham, ajeitando o cabelinho para o lado. Troca-se poder por dinheiro e dinheiro por poder, numa orgia desenfreada. A ganância é uma matéria que não tem fim.  O povo não acredita. "Não votem neles porque não são credíveis!". Dizem! E o povo acredita. Não é justo! Hoje, há palavras que irritam. Há políticos insuportáveis. Há injustiças que nos revolvem as entranhas. Há, por isso, um mar de lutas pela frente. Tu, tenho a certeza, estarias na primeira fila. Mas Deus poupou-te. Afinal Ele sempre cuida dos que mais Ama! Mas não é justo!