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23/11/11

O Capataz da Siemens

O Negócios da Semana de hoje, na SIC notícias, foi deprimente. A glória vã e balofa de portugueses tecnocratas engravatados que chegam à direcção de multinacionais, como a Siemens neste caso e, por isso, se julgam o máximo, superiores, com um ego do tamanho do mundo, detentores da verdade absoluta, irritam-me e enervam-me.  Não que não tenham valor, porque com certeza terão, mas a soberba, a arrogância, a mania da superioridade, são características que abomino. Mas, no fundo, eles são uma espécie de capatazes dos tempos modernos. Escolhidos a dedo. Sabemos muito bem qual o papel das multinacionais no mercado global, pornográfico, em que vivemos, depois de terem explorado até ao tutano tudo e todos. São as senhoras do mundo capitalista selvagem em que vivemos. Por causa delas, temos desemprego e perda de direitos sociais na Europa, enquanto lucram BILIÕES com a deslocalização das fábricas para os países emergentes onde exploram a sua mão-de-obra barata. Não digo que seja o caso específico da Siemens, mas todas têm lucrado imenso neste mercado globalizado dos interesses, ao qual os Estados Sociais Europeus se têm que sacrificar.

Mas neste programa em particular, ouvi, arrepiado, o capataz da Siemens em Portugal. Vem este Senhor comparar as greves, ou a falta delas, na Alemanha, com o que se passa em Portugal?! Se os alemães tivessem que levar com os governos e os políticos que temos tido nos últimos anos, já tinham feito uma REVOLUÇÃO! Nesse aspecto, o povo português é mesmo de muitos brandos costumes, pois lá, ao contrário de cá, não existe a corrupção generalizada que nos esmaga. Pelo menos é este o sentimento dos muitos alemães com quem tenho falado. Obviamente que o Senhor e os seus empregados são bem pagos, vivem de barriga cheia, e, por isso, não farão greve. Estão no seu direito de pessoas egoístas, nada solidárias. Agora, vir arrotar postas de pescada, desfazendo nos outros, nomeadamente nos funcionários públicos portugueses, nos Professores Universitários, mais especificamente, naqueles que têm formado muitos dos engenheiros que a sua empresa emprega, formados à custa do Estado Português, é que nós não podemos admitir e só nos podemos sentir indignados. Acha, este Senhor, que os Professores devem ganhar menos do que os engenheiros que emprega?! Professores/Investigadores que colocam as Universidades Públicas Portuguesas, SUBLINHE-SE MUITO BEM, com níveis de qualidade a par das melhores do mundo? Este Senhor acha que estes funcionários públicos SÓ TÊM DIREITOS e, como tal, não têm que reclamar o CONFISCO dos seus salários! É muito bem feito! Podem, por isso, ser tratados da forma vil como têm sido tratados! Como pode este indivíduo vir falar contra quem não tolera o atropelo aos mais elementares direitos de quem trabalha, contra quem abomina toda a iniquidade e abuso de um governo estúpido, dizendo que a sua luta não é legítima? Se a Siemens tem uma boa relação com os seus trabalhadores e os paga condignamente, o que é de aplaudir, devemos dizer a este mesmo Senhor que o mesmo não se passa com o Estado Português e com as directivas do seu governo estúpido, por exemplo, relativamente aos Professores Universitários, para só falar daqueles que formam muitos dos engenheiros que a sua empresa precisa. Eu não lhe reconheço qualquer autoridade para vir desfazer no trabalho e nos direitos de outros, quando vem para as televisões defender o governo estúpido, repito, que temos. Enche a boca com slogans dizendo que os portugueses só têm direitos e habituaram-se mal a eles?! Quais direitos? O de serem os mais mal pagos da Europa? Vir comparar os Direitos dos alemães, que são um povo civilizado onde a riqueza é bem distribuída, com os portugueses e os seus direitos, onde a riqueza fica na mão de meia dúzia? Isto é de uma desonestidade intelectual de todo o tamanho.

O que este Senhor não disse, mas que devia dizer, pois eu também conheço muito bem a Alemanha, onde já trabalhei por convite, é que lá, ao contrário de cá, existe uma diferença salarial pequena entre os altos e os baixos salários. É um país onde existe JUSTIÇA E ESTADO SOCIAL. É um país onde o TRABALHO COMPENSA! Este Senhor chegou mesmo a afirmar que os políticos portugueses deviam ganhar CINCO VEZES MAIS, PASME-SE, em vez de dizer, para que Portugal se pudesse comparar à Alemanha, que o salário mínimo devia, ele sim, ser cinco vezes mais elevado. Talvez assim os níveis de produtividade fossem comparáveis. Não sabe que os políticos portugueses ganham tanto ou mais que os alemães, se tivermos em conta a panóplia de alcavalas aos seu dispor? Uma hipocrisia pegada. Na minha opinião,claro, apesar dos elogios e da bajulice bacoca do jornalista José Gomes Ferreira, um acérrimo defensor da economia neoliberal vigente, em Portugal e no mundo.

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