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26/10/11

Aonde Cortar?

Cortar nos subsídios dos funcionários públicos, digam estes senhores o que disserem, não é mais do que um aumento de receita por via de um aumento de imposto extraordinário sobre o rendimento dos trabalhadores do Estado. PONTO FINAL.

Cortar na despesa, nas tão célebres gorduras do estado, seria fazer o que diz Marques Mendes nesta entrevista. Presumo que o Sr. já tenha metido este discurso na gaveta. Tal como o fez o mentiroso do actual Primeiro-Ministro português. Mas o que disse fica aqui bem registado para avivar a memória de qualquer pseudo social-democrata distraído. 


Bem,em primeiro lugar, parece que estes senhores têm uma memória muito curta.

Confiscam vencimentos, direitos consagrados legalmente e contratualmente, fazendo tábua rasa dos princípios de qualquer Estado de Direito que se preze, em nome de uma "emergência" que nem sequer foi declarada oficialmente. Mas mesmo que fosse. Distinguem, dividem, estigmatizam. Anticonstitucional é o mínimo. Hoje metem-lhes a mão ao bolso descaradamente, amanhã tiram-lhes a casa, ou o carro, ou o que quiserem. Menorizam os funcionários públicos, metendo-os a todos dentro do mesmo caixote do lixo, sem diferenciar, perante o regozijo de parte da população portuguesa que, ressabiada e intoxicada, não tendo capacidade de discernimento, pois o ataque também a atingirá por ricochete, através do serviço público que deixará de ter com a qualidade a que estava habituada. Atacando aqueles que o promovem, este ser-lhe-á negligenciado e, em última análise, a doer fortemente, se quiser saúde pagará, se quiser educação pagará, se quiser justiça pagará e, infelizmente, no futuro, jamais estes serviços, principalmente a educação e a saúde, terão a qualidade a que nos habituámos. Regrediremos socialmente para níveis idênticos aos anteriores ao 25 de Abril. 

E tudo isto para que os grandes possam manter intactos os seus direitos e as suas mordomias. A fuga ao fisco é escandalosa. Dezanove das empresas cotadas no PSI-20, pasme-se, têm sede na Holanda, fugindo aos impostos que deveriam pagar em Portugal. O buraco das PPP é superior a 15 mil milhões de euros. Um descalabro culpa de todos os governos do bloco central. Há quem tenha assinado contratos enquanto ministro e depois tenha saltado para a administração da empresa beneficiada. Todos estes contratos, devido à tal "emergência", deviam ser cancelados e revistos. Porque não são? Em última análise, todas as portagens de auto-estradas, que são meios de usura do cidadão português, deveriam passar imediatamente para as mãos do Estado. A corrupção é assustadora. As empresas fantasmas proliferam. A economia paralela cresce como nunca. Os ricos cada vez pagam menos. Note-se que, neste orçamento, aumentam somente em 5% os impostos das empresas com mais de dez milhões de lucro. Além de ridículo, e as outras? Os funcionário públicos, entretanto, ficam sem 1/4 do seu salário. Uma vergonha! 

O ataque em curso ao serviço público, por via dos seus funcionários, é de tal ordem, que, amanhã, pouco falta para estes serem obrigados a saírem à rua com um crachá ao peito dizendo "Eu sou funcionário público!", para gáudio de certa populaça, tal e qual como Hitler fez aos Judeus na Alemanha Nazi. Bravo! Que paz social poderemos ter com gente deste calibre à frente dos destinos de Portugal? Impossível!

É que, insisto, este governo corta cegamente nos rendimentos dos funcionários públicos, por via de um imposto pornográfico encapotado direccionado contra uma parte da população portuguesa em favor de outra, bradando aos quatro ventos que se tratam de medidas de corte na despesa, para Troika ver. Que cambada de mentirosos e pervertidos intelectualmente! Cortar nos subsídios dos funcionários públicos, digam estes senhores o que disserem, não é mais do que um aumento de receita por via de um aumento de imposto extraordinário sobre o rendimento dos trabalhadores do Estado. PONTO FINAL. E tem este Primeiro Ministro a lata de dizer que a alternativa a estes AUMENTOS BRUTAIS DOS IMPOSTOS  SOBRE OS FUNCIONÁRIOS seria um aumento de impostos nada recomendável? Que credibilidade pode ter esta afirmação para qualquer pessoa honesta e de bom-senso? Isto qualquer pessoa, mesmo com QI muito baixo, consegue perceber. Daí a questão da iniquidade fiscal lançada, e muito bem, pelo Presidente da República. Não adianta os neoliberais da treta da nossa praça virem vociferar contra quem elegeram, alegando traição, porque o Presidente da República, sendo de direita, sim senhor, considera-se social-democrata e não um neoliberal autoritário, como se nos apresenta hoje Pedro Passos Coelho.  

Hoje foi dia de Conselho de Estado, aonde Marques Mendes tem assento depois de ter dado esta entrevista. Se calhar foi mesmo para o calarem. Começou às 17h e terminou perto das 24h. Depois de tantas horas de reunião, a declaração final foi de um vazio confrangedor. É caso para dizer que a montanha pariu um rato. Vamos ver no que esta tragédia grega vai dar... 

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