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16/10/11

Antecipação da Cimeira Europeia


O blogue Mais Europa anunciou uma entrevista com a Professora Maria João Rodrigues, antiga ministra do emprego e da segurança social do governo de António Guterres e conselheira da UE para os assuntos sociais, que passou Sábado passado na RTP informação e que, diga-se, foi bastante esclarecedora sobre a Antecipação da Cimeira Europeia. Dada a importância do tema, resolvi fazer um comentário no referido blogue, que passo a transcrever:
Gostei de ouvir a Dra Maria João Rodrigues, a quem reconheço inteligência e bom-senso, que há muito anda arredada dos governantes portugueses e europeus. No entanto, sou bem mais pessimista. Posso estar enganado, mas não auguro nada de positivo para a Europa. E explico porquê.

A cimeira europeia que se avizinha nada trará de novo. Os políticos são os mesmos, e são também os principais responsáveis pela actual situação que se vive na Europa. Por isso, as medidas serão, uma vez mais, para tapar mais um ou outro buraco, deixando o essencial na mesma. Infelizmente. O problema é essencialmente político, ao contrário do que aparentemente possa parecer. A Europa é hoje comandada por políticos de direita, defensores de modelos neoliberais, ao abrigo dos quais assistimos à destruição da economia mundial. As democracias são de palha. Quem manda são os grandes grupos económicos e financeiros, que se sobrepõem ao poder político. Trata-se de uma teia oligárquica que não deixa qualquer margem aos decisores políticos. Isto, como bem sabiam os gregos antigos, dá mau resultado. Os que percebem isso na Europa, ou não têm voz ou são calados. Assim, só haverá futuro se os objectivos políticos mudarem. E estes só mudarão se os políticos mudarem. Como tal não é possível no curto prazo, a não ser que houvesse algum milagre, tudo ficará na mesma. E os resultados serão mesmo catastróficos. Merkel e Sarkosy, e todos os actuais responsáveis, ficarão para sempre conotados como os coveiros da UE! O problema é o mais que provável retorno da guerra ao espaço europeu. A paz é o bem mais valioso que a União Europeia traz aos seus povos. E este não se mede em Euros.

Como se compreende que o euro tenha atingido os valores que atingiu face ao dólar? Uma cotação que desde há muito se mantém em torno de $1.4. Obviamente que os países do norte da Europa têm ganho muitos milhares de milhões à custa desta sobrevalorização do euro, esquecendo os países do sul, para a qual as respectivas economias não suportam. No entanto, em vez de assumirem esta evidência, ajudando os países do sul, a sua resposta é chamar-lhes PIIGS, um título a todos os títulos reprovável, dada semelhança da palavra com a inglesa que significa porcos (pigs). Veja-se como foi o processo de apoio financeiro a Portugal. E nem sequer de apoio se poderia falar, dadas as elevadíssimas taxas de juro a serem cobradas pela UE. Com esta solidariedade, em que os interesses individuais dos ricos, a roçar o racismo, se sobrepõem e amordaçam a voz dos pobres, esta Europa jamais dará qualquer resposta positiva aos problemas económico-financeiros em que está mergulhada. Aliás, pergunto-me, o que diria hoje Jean Monnet aos actuais políticos “europeus”?

Hoje, também em Portugal, temos um governo desta “nova” direita neoliberal que, dois meses depois de chegarem ao governo, os seus interlocutores já fizeram tábua rasa do que disseram há dois meses atrás durante a campanha eleitoral. Porquê? Anunciaram um orçamento de estado que o próprio Bispo D. Januário Torgal Ferreira chamou de terrorista (sic)! Isto quer dizer tudo. Metendo literalmente a mão dentro dos bolsos dos cidadãos, sem qualquer vergonha, principalmente dos funcionários públicos, com medidas inconstitucionais, deixam praticamente de fora os rendimentos do capital, as holding, as parcerias público privadas (PPP), com contratos absolutamente ruinosos para o Estado Português. Uma vergonha! Além disso, nem uma medida de jeito propõem para o crescimento económico. Mas mais grave é a incompetência demonstrada para prever as consequências do saque ao rendimento do trabalho das pessoas e famílias. É que, irrealisticamente, prevêem uma taxa de recessão de 2 e tal % quando esta ultrapassará largamente os 4%, como facilmente qualquer aluno do 12º ano consegue prever. Como ficará o país quando a recessão for 2%, 3%, ou mais, superior à prevista? As consequências serão apocalípticas! Dizendo que o caso grego é um caso à parte, que os portugueses são muito diferentes (não dizem que ganham menos que os gregos, claro!), acenando com papões e atirando as responsabilidades para o acordo da Troika e do anterior governo, o actual governo português prepara-se para atirar com o país para o Século XIX! Uma desgraça! Estamos a viver os dias mais negros da UE, sem dúvida. E de Portugal, por arrasto...

NOTA: Devido à demora por parte do blogue Mais Europa na publicação deste comentário, julguei, erradamente, que se tratava de mais uma censura à minha opinião. Infelizmente, não era nem a primeira nem a segunda vez que acontecia. Afinal, verifiquei posteriormente que o blogue publicou o meu comentário e, também, a minha indignação pela não publicação do mesmo. Houve portanto um mal entendido da minha parte provocado pelo atraso da publicação. Resta-me, por isso, pedir desculpa pelo segundo comentário que fiz relativamente à possível censura, fazendo votos dos maiores sucessos para o futuro do blogue Mais Europa.

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