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21/10/10

O Exemplo Francês

Todos os dias somos bombardeados com as notícias sobre a greve geral em França por tempo indeterminado. Lá, ao contrário de cá, as greves fazem-se para fazer dobrar governos incompetentes. Os que, de uma forma geral, têm governado a Europa desde há uns anos a esta parte. Os vendidos aos interesses das multinacionais europeias sob a égide de uma coisa a que chamaram de Globalização. Neste contrato imoral, os políticos europeus abriram as fronteiras europeias aos produtos asiáticos, para que as suas empresas se pudessem deslocar para lá, produzam os seus produtos com mão-de-obra escrava e, depois, os vendam cá a preços europeus, majorando as suas mais-valias ao máximo. Marx nunca teve tanta razão. Eles e elas lucram milhões. Os europeus, os cidadãos comuns, perdem os empregos, os salários e os direitos sociais. Por isso, é hora de dizer basta! É hora dos cidadãos europeus o dizerem em uníssono. Provavelmente com os franceses a darem o exemplo. Hoje, como no passado. Recorde-se que a greve teve como origem a imposição do governo Sarkosy de passar a idade de reforma dos franceses dos 60 para os 62 anos. "Só por isso"! Por cá, comme d'habitude, os comentadores do costume, fizeram-nos crer que tinha que ser, senão não haveria reformas amanhã. E toda a gente acatou o aumento da idade de reforma em mais cinco anos, como se uma medida tão injusta e uma perda tão grande dos direitos de quem trabalha, e dos jovens que querem começar a trabalhar, fosse de menor importância. Direitos que foram alcançados, com muito suor, sofrimento e lágrimas, pelos nossos antepassados, são agora retirados sob o véu da inevitabilidade. Como se não houvesse nada a fazer, embora nunca tenha havido tanto dinheiro no mundo como há hoje. Num mundo cada vez mais rico e desigual, o povo tem que perceber que lhe mentem continuamente.
Mas o povo é sereno!
Perante estas medidas injustas na idade de reforma, e face à gravidade que a nossa taxa de natalidade apresenta, diminuindo, ano após ano, nem uma medida governamental ou parlamentar surge para alterar este estado de coisas. Nada. Continuamos inclusivamente a ter um sistema de impostos que castiga os casais com filhos. Duas pessoas divorciadas pagam menos impostos em sede de IRS que um casal com filhos. Isto é escandaloso e demonstrativo da incompetência de quem nos governa.
Mas, o povo é sereno!
Como o lema da política portuguesa parece ser "quanto mais me bates, mais eu gosto de ti", o governo prepara-se agora, depois de nos ter mentido descaradamente àcerca da situação económica do país, para nos vasculhar os bolsos, saqueando-nos com requintes que fariam corar qualquer rei absolutista. Mexer nos interesses dos banqueiros, nos impostos que não pagam, nos interesses dos grandes grupos económicos, que nos "chupam" o sangue nas chamadas parcerias "público-privadas", na redução efectiva dos administradores púbicos que crescem 20% ao ano, dando o tachozito ao amigo do amigo do partido, aos boys deste país, dos assessores e das consultadorias, nos pareceres jurídicos pagos a peso de ouro, isso não interessa. Mexer nos orçamentos escandalosos da Assembleia da República, de Belém, dos Gabinetes Ministeriais, etc., é que não. Importante é roubarmos o cidadão honesto e o funcionário exemplar para dar vida de luxo a esta corja de mentecaptos parasitas. Que venha de lá o FMI! JÁ! Que vejam à lupa essas parcerias púbico-privadas, essas empresas municipais e esses institutos púbicos de coisa nenhuma. Eles comem tudo, eles comem tudo... eles comem tudo e não deixam nada!
E o povo cala, não mexe, não tosse, não muge. Amocha.
O povo é sereno!
No meio de toda esta imundice, até as nossas centrais sindicais parece que gozam connosco. Um dia de greve geral?! Para quê? Um dia de descanso forçado? Para que serve isso? Vamos brincar às greves?! O que eu e todos os trabalhadores honestos deste país esperam é uma greve geral por tempo indeterminado, caso este orçamento vergonhoso passe na Assembleia da República, como tudo leva a crer. Uma greve que demonstre a nossa indignação e a nossa revolta perante uma situação política insustentável, por culpa de toda uma classe política corrupta que prolifera por essa europa fora, e em Portugal em particular.
E o povo, vai continuar sereno?
Quando será que vamos seguir o exemplo da França? A França que nos deu a República, que nos deu o Maio de 1968, parece que também agora quer dar o exemplo aos europeus. É mesmo caso para dizer:
Vive la France!

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